domingo, 20 de abril de 2008

20/04/2008



















Escutar a melodia do mundo e aprender a dançar conforme o seu compasso é uma dádiva, estou a observar a chuva que cai e percebo que até assim podemos aprender muito, aprendo que na verdade são com esses pequenos gestos da natureza e que deixamos passar despercebido, que tiramos as maiores lições de vida.
O tempo corre e nós acabamos nem nos dando conta de quão é importante aproveitar os segundos, até parece insignificante, mas são esses pensamentos medíocres que nos impede de vivermos com intensidade cada instante que a vida nos oferece.
São os pensamentos de superioridade que nos fazem tão insignificantes, e como posso sentir orgulho se o mundo inteiro sofre?. Como posso continuar a afirmando que sou superior? Superior a quê? A quem?
Sou tão pequena e frágil quanto qualquer outro ser, sou tão podre quanto qualquer um deles e tão selvagem quanto qualquer outro predador. É a lei da natureza, os mais fortes sempre irão se perpetuar, enquanto os fracos...
...desses nem devemos nos lembrar.
Aceitar as teorias, compactuar com elas é um fato, mas quando nos tornamos as vitimas delas queremos reverter o quadro. Parece meio egoísta de nossa parte, mas é o rumo natural das coisas, somos por natureza seres individuais, queremos sobreviver a qualquer custo e se esse custo for eliminar os demais nós o faremos, porém muitas fezes levamos os instintos além do que nos foi permitido pela natureza.
E como saber até onde podemos levar os nossos instintos? Não sabemos e nunca saberemos, pois o que está em nosso intimo não se mede, nem se pesa, por tanto nem toda a ciência com o seu aparato tecnológico poderá um dia definir o que é de fato bom ou ruim.
Os gregos, mais especificamente os espartanos, atiravam seus deficientes para fora dos seus domínios a fim de que suas mortes perpetuassem uma tradição de grandes guerreiros. Hoje acolhemos os nossos “especiais” e lutamos pelo ideal de uma sociedade onde todos possam viver independentemente de suas diferenças.
Mas qual das duas pode ser julgada como a correta? Sem duvida alguma, muitos dirão que um mundo que pratica o infanticídio não é digno de misericórdia, mas como julgar algo que não conhecemos?
Afirmar que os espartanos foi uma sociedade sanguinária e cruel é esquecer que a nossa sociedade continua perpetuando as mesmas praticas, talvez com maior crueldade, quando permitimos que crianças passem fome e vivam em uma realidade de miséria e caos, quando simplesmente fechamos os nossos olhos e ouvidos para as milhares de vidas desperdiçadas nas guerras para satisfazer o ego e aumentar cada vez mais o poder dos que já o têm.
Encontrar o equilíbrio da vida é uma tarefa para poucos, pois são poucos os que aprendem a escutar o que o mundo tem dizer e menos são os que aprendem a conviver com as contradições que ela nos apresenta.

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